A Associação Pomba Branca da SEICHO-NO-IE DO BRASIL me convidou a escrever este artigo e eu sorri. Pensei: “Será que elas sabem de algo?” e sorri de novo. Aceitei o convite e decidi compartilhar a minha própria experiência, na esperança de poder ajudar, de alguma maneira, os filhos que se encontram na situação de cuidar dos seus pais idosos… e os pais que não sabem o que acontece na cabeça dos filhos nessa situação.
O tempo passa quase despercebido. Num dia você é criança, no outro tem 18 anos e, num piscar de olhos, já entrou na casa dos “enta” (40, 50, 60…). Para os seus pais, o tempo também passa voando: num dia eles são a única solução para os seus problemas (seja para curar um joelho ralado ou providenciar uma cartolina para o trabalho de escola), no outro todos vocês são adultos e, de repente, eles têm uma idade avançada e deixam de agir como antes. Meus pais sempre foram pessoas bem resolvidas, responsáveis e independentes, mas em determinado momento – que não consigo definir claramente – foram modificando a forma de agir, pensar, falar e até se movimentar. Nem melhor, nem pior, apenas diferente. Desde então, passei a observar os comportamentos e perceber o que estava por trás de cada palavra, das expressões fisionômicas e também do silêncio. De alguma forma, eles estavam mais vulneráveis em situações que antes eram fortalezas.