Presidente Doutrinário da Seicho-No-Ie para a América Latina
Fumio Nishiyama
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O ser humano não morre
O tempo transcorre muito rápido, e já estamos no último número deste ano dos Boletins Informativos CÍRCULO DE HARMONIA e “Enkan” (edições nov/dez).
Em novembro, no dia 2, celebra-se o Dia de Finados no Brasil, ocasião em que muitas pessoas visitam os túmulos para homenagear seus entes queridos falecidos.
O Dia de Finados varia de acordo com cada país, tanto na época quanto nas formas de oração.
No mês de agosto deste ano, tive a oportunidade de viajar ao México para orientar o “Seminário Especial da Seicho-No-Ie, de 1 dia”, além de orientar um Encontro com os Dirigentes da Seicho-No-Ie daquele país.
O Seminário Especial foi realizado em um grande teatro na cidade de Orizaba. Embora fosse um edifício bastante antigo, mas justamente por isso, com sua tradição, tornou-se um local muito imponente e digno para o evento.
Os Dirigentes da Seicho-No-Ie do México se empenharam intensamente na campanha de incentivo à participação. No início dessa campanha, estimava-se a presença de cerca de 700 a 800 participantes. Contudo, ao final, o número de pessoas que adquiriu ingressos e participou chegou a 1.565, um público bastante expressivo, tornando o evento muito movimentado e bem-sucedido.
Orientei o Seminário Especial juntamente com o Diretor-Presidente da SEICHO-NO-IE DO BRASIL, o Preletor Jose Adalton de Oliveira, e, ao final, realizei a Meditação Shinsokan de Oração Mútua, encerrando com êxito o Seminário Especial.
No dia seguinte, tive a oportunidade de visitar, junto com minha esposa que me acompanhava, um antigo templo da cultura maia, localizado a cerca de uma hora de carro. Lá, apreciamos com grande interesse o “Templo do Sol”, o “Templo da Lua” e também outro templo. Nesses templos, oferecia-se orações às divindades, pedindo pela boa colheita dos produtos agrícolas. O outro Templo era dedicado para as pessoas falecidas.
Perto do templo havia muitas barraquinhas, com souvenires expostos de forma bastante divertida. Entre eles, algumas coisas chamaram a minha atenção. Primeiramente, estavam vendendo gafanhotos fritos em óleo; experimentei um deles e, de certo modo, era uma iguaria exótica. Lembrei-me de que, há algum tempo, o Supremo Presidente da Seicho-No-Ie, Professor Masanobu Taniguchi, explicou que, no mundo, os insetos vêm sendo considerados como uma alternativa de proteína animal para substituir o consumo de carne no futuro.
Outra coisa que despertou meu interesse foi um boneco preto, pintado de esqueleto em branco. Disseram-me que esse boneco serve para confortar os mortos, simbolizando que os entes falecidos retornam ao convívio de seus familiares. Especialmente nos dias 1º e 2 de novembro, que correspondem ao Dia dos Mortos no México, todo o país entra em feriado. Nessa ocasião, esses bonecos são expostos, e muitas pessoas se maquiam da mesma forma, desfilam pelas ruas, dançam, transformando cidades e vilas em uma grande festa muito animada. Disseram-me que essa celebração, em si, constitui uma forma de oração aos antepassados.
Embora os países, as línguas e as culturas sejam diferentes, e também as pessoas que neles vivem, percebi mais uma vez que, em qualquer nação, o sentimento de render homenagem aos falecidos é profundo. De formas diversas, as pessoas sempre dedicam suas orações aos antepassados, aos pais e aos demais familiares.
Entretanto, nós aprendemos na Seicho-No-Ie que não oramos simplesmente movidos pelo sentimento de tristeza pela morte de alguém. Quando o ser humano nasce neste mundo, ele veste um corpo físico — como se fosse uma espécie de roupa — o mais adequado e conveniente para viver nesta dimensão. Após cumprir, ao longo da vida, diversas missões que lhe cabem realizar, esse corpo envelhece, desgasta-se, e é então deixado de lado, retornando a pessoa ao mundo espiritual apenas como alma.
Quando chega o momento, essa alma volta novamente a este mundo com outro corpo físico, para se empenhar em novas missões. Por isso, embora o corpo físico que temos agora um dia se desfaça e desapareça, a alma vive para sempre, eternamente.
Há pessoas que pensam que, com a morte do corpo, tudo se perde; mas isso não é correto. Nossa verdadeira essência, a alma, continua viva sem interrupção. Apenas acontece de ela permanecer, por algum tempo, oculta no mundo espiritual. Durante esse período, nossos olhos físicos não a percebem, dando a impressão de que desapareceu completamente. Mas isso é apenas temporário. Mais cedo ou mais tarde, a alma renasce neste mundo, continua a viver a vida eterna e, por meio disso, prossegue o seu crescimento espiritual.
O Sagrado Mestre Masaharu Taniguchi, fundador da Seicho-No-Ie, nos ensina o seguinte:
Explicando a imortalidade do homem por meio da comparação com a Lua
Na Sutra do Nirvana, Buda explica a relação entre a Imagem Verdadeira (Realidade) e o fenômeno, comparando-os com as fases da Lua. Como fenômeno, a Lua parece diminuída ou desaparecida, mas isso não passa de aparência devido à sombra do monte Shumisen (em termos modernos, devido à sua posição em relação à Terra e ao Sol). Embora ela se apresente incompleta, o seu verdadeiro aspecto (Imagem Verdadeira), continua perfeito e brilhando resplandecentemente. Assim explicou Buda.
Também o fato de parecer que o homem envelhece, adoece e morre, é semelhante à Lua que parece definhar e depois desaparecer na escuridão. Mesmo quando parece estar completamente desaparecida na escuridão, a Lua em si continua brilhando magnificamente. Assim também, embora aos olhos dos homens pareçam existir a velhice, a doença e a morte, o homem em si (Imagem Verdadeira) é indestrutível, é imortal.[1]
No Dia de Finados, lembremo-nos de que nossos antepassados e familiares que já partiram para o mundo espiritual continuam vivos e atuantes naquele plano, protegendo-nos e orientando-nos constantemente. Por isso, vamos ler com sinceridade a Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade, enviando-lhes nossos sentimentos de gratidão.
Embora ainda seja um pouco cedo, desejo de coração que todos passem bem o final de ano e recebam o Ano Novo com muita vitalidade e alegria, em um início verdadeiramente maravilhoso.
Reverências, muito obrigado.
[1] Taniguchi, Masaharu. Convite à Prosperidade, v. 2, 22. ed. São Paulo: SEICHO-NO-IE DO BRASIL, 2007, p. 70.
Preletor da Sede Internacional Fumio Nishiyama – Presidente Doutrinário da Seicho-No-Ie para a América Latina
Publicado no Boletim Informativo – Círculo de Harmonia Edição 346 (Novembro e Dezembro de 2025)
