EM BUSCA DO VIVER SUSTENTÁVEL E DA INSTITUIÇÃO DA NOVA CIVILIZAÇÃO

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Silvia Rabelo Fontes 220 EM BUSCA DO VIVER SUSTENTÁVEL E DA INSTITUIÇÃO DA NOVA CIVILIZAÇÃO RELATO DE EXPERIÊNCIA  Prela. Adalgiza e seu marido, Eki; desenvolvendo novos hábitos – a consciência ambiental do cidadão da nova civilização.

 Crédito: Silvia Apa. Rabelo Fontes.

Meu nome é Adalgiza Ribas Spinelli, sou Preletora da Seicho-No-Ie desde 2005, mas conheço os ensinamentos desde 1994. Nasci e cresci no Brasil. Despertei desde cedo para a importância de preservarmos a natureza e a responsabilidade de sermos multiplicadores desta ideia. Às vezes, a educação ambiental nasce dentro no lar. Em meu caso, porém, foi na escola, com minhas professoras primárias, nas aulas de Ecologia e Meio Ambiente. Inicialmente esta educação se deu com questões básicas como: “jogar o lixo no lixo”, “evitar o desperdício de água”, “respeitar e cuidar das árvores e dos animais”, com as quais pude construir hábitos corretos na vida cotidiana.

Há dois anos resido nos Estados Unidos e, portanto, vivo numa sociedade capitalista, de primeiro mundo, onde grande parcela da população considera praticamente tudo como sendo descartável. Há também a busca incessante por adquirir o último modelo dos eletrônicos como celulares, TVs, computadores, etc., em nome de status ou conveniência, descartando o anterior sem nenhum comprometimento com o meio ambiente. Não há preocupação em preservar os objetos, evitar o consumismo ou pesquisar os impactos ambientais que a produção e o descarte desses materiais geram. Apesar de este ser o comportamento comum, percebe-se, no entanto, que há uma parcela da sociedade americana acordando para as necessidades do planeta e tentando instituir uma cultura diferente.

        Estas pessoas, por exemplo, ao deixarem de utilizar determinados itens, levam-nos para os chamados “Thrifts Shops” (lojas de materiais de segunda mão). Lá encontramos eletrodomésticos, utensílios, roupas, sapatos, objetos de decoração, brinquedos, móveis, ferramentas, material de escritório, enfim, uma infinidade de itens usados que se lá não estivessem teriam sido jogados no lixo ainda em estado aproveitável, contribuindo para o aumento da poluição do solo, da água e do ar. Meu marido e eu fazemos uso deste dispositivo de descarte. Outro dia, quebramos a jarra de nossa cafeteira. Fomos ao “Thrifts Shops” e encontramos um modelo exatamente igual ao nosso. Mediante um valor simbólico, compramos a jarra perfeita para resolver nosso problema. Se fossemos para uma loja comum comprar outra cafeteira, além de gastarmos mais, jogaríamos no lixo a cafeteira que, em si, não tem problema nenhum. Um desperdício de dinheiro e mais um objeto que estaria no lixo, contaminando o meio ambiente. Meu marido não via com bons olhos o hábito de comprar itens de segunda mão, mas agora aderiu. Visitando uma dessas lojas de usados, encontrou uma lente excelente para sua máquina fotográfica, por um preço muito menor, se comparado com a nova. Todos saem ganhando, principalmente o meio ambiente.

        Outra ação é a doação de objetos inutilizados. Os objetos ficam expostos em frente à casa do dono, para que qualquer pessoa possa levá-los. Também é uma forma de destinar adequadamente objetos e móveis que já não interessam mais. Há ainda, uma terceira oportunidade para descarte consciente. São as chamadas “Caixas de doações”. Itens como roupas, calçados, livros, entre outros, destinados a instituições que providenciam um destino apropriado a eles. Assim, temos três exemplos de como a sociedade americana lida com o descarte de materiais de forma sustentável. Ainda são ações tímidas, mas um começo para uma mudança positiva.

Na questão ambiental, a Seicho-No-Ie tem um papel fundamental a ser realizado aqui. Nosso trabalho de conscientização da Verdade é muito importante pois além de proporcionar a salvação individual, despertando o maior número de pessoas para sua Natureza Divina, também permitirá a salvação planetária, instituindo uma nova civilização, em que o modo de vida seja benéfico para a natureza. Precisamos entendermos que somos parte de um Todo Absoluto, para que nasça em maior intensidade o amor que gera o desejo de cuidar, o olhar atencioso para com todos os recursos e a vontade de protegermos todas as formas de vida.

A natureza nos proporciona abundante provisão de frutas, verduras, legumes, cereais e grãos de diferentes espécies. Porém, por uma questão cultural ou de hábitos, grande parte da humanidade ainda faz uso do consumo da carne, gerando consequências desastrosas tanto para si quanto para o meio ambiente. Além do sofrimento causado aos animais, que têm suas vidas cruelmente ceifadas para a conveniência humana, as grandes criações são responsáveis pelo aumento do desmatamento de áreas florestais em nível mundial e pela fome que assola algumas localidades do planeta.

Aboli o consumo de carne animal há dezesseis anos, por meio da leitura do livro sagrado “A Verdade da Vida, v.2”, onde consta a descrição do sofrimento de um animal no instante em que está para ser abatido. Desde criança tinha uma inclinação para evitar a carne e quando li esta passagem do livro, que me tocou profundamente, decidi não mais faz uso deste tipo de alimento. Em outra obra da Seicho-No-Ie, o Mestre Masaharu Taniguchi escreve que dificilmente a humanidade alcançará a Paz Mundial, enquanto existir a matança animal, pela ação da lei de causa e efeito. Este já é um grande motivo para que a humanidade procure abster-se da alimentação a base de carne. Há ainda o ponto de vista ambiental, sob o qual o consumo de carne é também um vilão. Minha família é do interior do estado de Minas Gerais, e sempre que visitava meus parentes observava durante o caminho os inúmeros pastos da região. São áreas imensas, cuja vegetação original foi devastada para dar lugar a criação de gado. Ainda hoje, extensas áreas da Floresta Amazônica são destruídas para esta finalidade. O desequilíbrio que esta prática gera para a natureza é incalculável, uma vez que praticamente acaba com a biodiversidade local. Por todos estes motivos, faz-se necessário um amplo movimento para conscientizar o maior número possível de pessoas de que podemos e devemos usar a misericórdia ao fazermos nossas escolhas alimentares. Devemos trabalhar na instituição de um novo modelo de vida, em harmonia com a natureza, respeito para com todos os seres vivos, alertando para o risco de deixarmos para as próximas gerações um planeta inabitável, em virtude da falta de ética ambiental que vivemos agora. Muito obrigada!