A vida nasce da Vida! Já tentou “colocar” vida em algo? Por exemplo, eu amo lírios, adoro a beleza que trazem ao ambiente e seu perfume. Se eu quiser que nasça um lírio, devo obedecer aos procedimentos corretos para que nasça um lírio. Ele não irá nascer, crescer e florescer se não for plantada uma semente de lírio, ou sua muda, em um vaso com terra apropriada, com os nutrientes que ele precisa para se desenvolver e, mesmo assim, se não houver a Vida instalada, não nascerá.
Eu já tentei plantar diversas vezes o tomate grape na hortinha. Posso dizer, que de dez vezes que tentei, quatro deram certo. E o método foi o mesmo! Com a semente de tomate grape, coloquei na terra, dei os nutrientes necessários, reguei, cuidei…
Muitos casais tentam ter filhos por métodos de fertilização; e nem sempre têm a concretização do que desejam. Justamente porque a Vida, não nasce da união de matérias. Parece que ao colocarmos a semente de uma flor na terra, certamente irá nascer o que se deseja. De modo similar, se fecundar um óvulo com o espermatozoide, nem sempre ele se desenvolverá. São diversos fatores necessários para que se concretize a Vida na fecundação de um óvulo, muito mais do que os procedimentos para que uma flor nasça, cresça e floresça. Portanto o ser humano não decide onde se instala a Vida.

 

Quem pode decidir onde se instala a Vida?

No início do livro A Verdade da Vida1 v. 9 no capítulo 1, o Sagrado Mestre Masaharu Taniguchi inicia com “a questão ‘de onde vem a Vida e para onde vai’”; e no tópico 16 ele discorre sobre a concepção e nascimento. Na página 90 está a transcrição da sessão de Reine2, e resposta a um senhor sobre o caso de aborto espontâneo:

“Quando o espírito não está presente e o espermatozoide fecunda o óvulo, não é possível o espírito vir se instalar. Em certos casos, até se forma o embrião, mas, como tais fetos são incapazes de sobreviver, eles são abortados ou nascem mortos.”

No mesmo livro há a explicação de como o espírito é atraído para que seja instalado no óvulo, em resumo, a união sexual é o sinaleiro que convida o espírito ao mundo terreno e a vibração provocada pela união do espermatozoide com o óvulo é o que dá a oportunidade de encarnar-se. Alguns espíritos são instalados por sua própria vontade e outros instalados governados por uma força mais elevada. Nos casos de fecundação artificial, no livro está transcrita a resposta da jovem Reine:

“[…] nesses casos os espíritos que conscientemente têm o propósito de nascer neste mundo é que vêm se instalar. Tal ato é fruto de ponderação e planejamento, sendo escolha do próprio espirito – é a concepção consciente, frequente entre os espíritos elevados”. (Masaharu Taniguchi, A Verdade da Vida v. 9, p. 90)

Aconselho a leitura e o estudo do referido livro, ou seja, (A Verdade da Vida v. 9), para que se possa aprofundar mais nas questões do mundo espiritual, incluindo essa questão da concepção, nascimento e morte.
A Vida se instala, portanto, quando todos os requisitos são cumpridos, não sendo a junção de matérias e a vontade do homem os principais itens para a sua concretização.
Então, qual o motivo de nascermos?
O Sagrado Mestre Masaharu Taniguchi explica melhor sobre a reencarnação no livro A Verdade, v. Suplementar3: em resumo, a reencarnação significa que a vida individual continua existindo e após a morte do corpo físico, encarna novamente em outro corpo, sendo um processo para a alma ou a mente individual evoluir.
Evolução! No mundo fenomênico estamos em constante evolução, não é mesmo? Desde que nascemos, aprendemos a engatinhar, andar, falar, e nos expressarmos de diversas formas. Não parando por aí também somos matriculados em diversas escolas e vamos evoluindo o nosso intelecto, aprendendo sobre ciências, física, biologia, matemática etc. Nosso espírito também está em constante evolução. Podemos dizer que o crescimento, a evolução, faz parte da Vida.
Alguém já acordou pela manhã e desejou ser pior do que o dia anterior? No Ano Novo, sempre fazemos planos, projetos para que a nossa vida fenomênica evolua. Isso porque o infinito está dentro de nós, a Vida de Deus, que é infinita está latente em nós, na nossa natureza divina; o natural é sempre evoluir. Até mesmo uma planta sempre cresce em direção à luz, sai de sua semente, rompe até obstáculos como concretos etc. para poder crescer, evoluir e mostrar a sua beleza. E nós, seres humanos, criados à Imagem e semelhança de Deus, temos essa força vital latente em nós, por isso reencarnamos com a finalidade de evoluir espiritualmente. No livro A Verdade da Vida4 v. 2, p. 124 o Mestre escreve sobre um lugar parecido com uma classe, em que os espíritos estudam diversas “matérias”. Novamente, reforço aos leitores a indicação de estudo e leitura do livro. O que desejo colocar em questão é que nosso espírito está em constante processo da sua evolução, e por esse motivo reencarna, para que possa evoluir e cumprir sua missão neste mundo terreno.

 

Uma vontade interrompida

Quando iniciou o mês de março de 2020, víamos nas redes sociais “Bem-vindo, março”. Alguns achavam que seria mais um mês normal, outros davam as boas-vindas com todas as esperanças de um mês magnifico; eu, por ser o mês do meu aniversário, estava muito feliz e entusiasmada pois um novo ciclo estava iniciando, e… de repente, chegou a pandemia. No início, víamos como se a nossa vida normal tivesse sido interrompida, quantos planos foram deixados de lado – não somente os que seriam dos dias seguintes ao decreto de isolamento social, casamentos foram desmarcados, festas de aniversários etc. Na época, quando não sabíamos quando isso iria acabar, a sensação era de que a nossa vida fora interrompida, e tivemos que nos adaptar. Mas imagine, aos que não têm a opção de se adaptar, aos que têm a vida interrompida, sem levar em consideração os seus sonhos, esperanças, a busca pela evolução, o desejo de aprender, e mais, o cumprimento de sua missão neste mundo? Será que alguém tem o direito de tirar essa lição de outras pessoas?
Na Revista Fonte de Luz – ano LIII no 578 – março/2018, pp. 15 – 17 o Preletor Marcos Rogerio Silvestri Vaz Pinto, fala sobre a questão do aborto mencionando a história de Bernard Nathanson, o médico que afirma ter participado de mais de 75 mil abortos e que

“Em finais dos anos 1970, começou a ter dúvidas sobre as suas práticas. Em uma conferência em Lisboa, em 1998, explicou que ele e os seus colegas apresentavam graves perturbações do sono, problemas no casamento e pesadelos.

 

O Grito Silencioso
Com o avanço da tecnologia ecográfica, Nathanson acabaria por mudar radicalmente de opinião. Dedicou a sua vida “a tentar desfazer o mal que tinha feito”, falando em todo o mundo, incluindo Portugal, e apresentando-se sempre em público como “responsável por mais de 75 mil abortos”, alertando para “as técnicas propagandísticas dos adeptos da despenalização”.
Em 1985, narrou um curto documentário, chamado ‘O Grito Silencioso’, que acompanha a gestação e mostra imagens reais de um aborto a ser praticado. No vídeo, vê-se o feto a recuar perante a agulha e a abrir a boca, o que aparenta ser um grito.
Apesar das suas origens judaicas e ateístas, batizou-se na Igreja Católica em 1996, vários anos depois de se converter à causa provida. Segundo ele próprio, o seu interesse pelo Catolicismo nasceu precisamente da identificação com as posições da Igreja em relação ao aborto.”

 

Você realmente se conhece?

Outro dia estava no shopping e vi uma bolsa que eu havia ganhado e nunca havia usado, mas depois que vi na vitrine o valor da bolsa resolvi usá-la quase que diariamente! Quando conhecemos o valor das coisas, passamos a dar o referido valor que tem aquele material.
Todos nós fomos e somos dotados da Vida de Deus e herdamos todas as suas virtudes. Ao conscientizarmo-nos verdadeiramente da sua natureza que é divina, que somos espíritos eternos, automaticamente veremos o próximo como nossos verdadeiros irmãos, reconheceremos em cada ser, o valor de Deus manifestado em sua vida. Não sendo capazes de ferir, interromper, macular a Vida de Deus que está no próximo.
Como seria maravilhoso se a humanidade pudesse compreender o verdadeiro significado de sua vida, da sua vinda nesse plano fenomênico, do seu verdadeiro valor (que não é o que temos ou possuímos materialmente), e estendesse esse respeito à Vida, o amor ao próximo, assim como a si mesmo. Fica o convite para quem desejar, fazer parte da expansão deste Ensinamento, para que muitos possam ter a oportunidade de conhecer a sua verdadeira natureza.

 

 

Sheila Miyazaki de Lima
Quando se inicia a vida? Mulher Feliz. São Paulo, out./2022. Universo Feminino, pp. 13-17.

 

 

1 TANIGUCHI, Masaharu (2016). A Verdade da Vida, v. 9. 11. ed. 16ª impr. São Paulo: SEICHO-NO-IE DO BRASIL, p. 90.

2 Reine, uma jovem médium, com quem o pintor francês Corneille contou em suas experiências mediúnicas. No volume 9 da coleção A Verdade da Vida, o Sagrado Mestre Masaharu Taniguchi transcreve as anotações que Corneille fez para registrar essas experiências, bem como as respostas dadas pelo espírito Vetterini através da médium Reine.

3 TANIGUCHI, Masaharu (2007). A Verdade, Volume Suplementar. 4. ed. São Paulo: SEICHO-NO-IE DO BRASIL.

4 TANIGUCHI, Masaharu (2007). A Verdade da Vida, v. 2. 15. ed. São Paulo: SEICHO-NO-IE DO BRASIL, p. 124.