Competência, comprometimento e uma postura sincera de reverência caminham pelos corredores da Sede Central da SEICHO-NO-IE DO BRASIL[1], mais precisamente na Superintendência da Associação Pomba Branca, quando por lá está a Preletora Débora. Líder competente, sua dedicação compenetrada se soma à ternura infinita, que transparece nos gestos, nas feições e nas palavras. A Revista Sagrada Mulher Feliz traz um relance do seu perfil simpático, meigo e devotado à família e à Seicho-No-Ie. Casada com o atual Presidente da Associação Fraternidade da SEICHO-NO-IE DO BRASIL, o Preletor Henrique Tsutomu Kubo, mãe de quatro filhos e jovem avó, ela compartilha conosco toda a sua sabedoria na condução dos trabalhos sagrados e da vida particular.

REVISTA MULHER FELIZ (MF) – Sua história é permeada pela vivência no Ensinamento da Seicho-No-Ie e uma rica atuação organizacional. Conte-nos sua trajetória:

PRELA. DÉBORA – Nasci na Seicho-No-Ie, pois meu avô materno era Preletor (Preletor Kenichi Yamakawa, já falecido, conheceu o Ensinamento ainda jovem, por meio dos irmãos Matsuda) e minha bisavó paterna (Divulgadora Asano Tamura) era da Shirohato[2]. Por isso, eu já frequentava as reuniões desde criança. Fui pela primeira vez para a Academia Sul-Americana de Treinamento Espiritual da Seicho-No-Ie de Ibiúna-SP aos 5 ou 6 anos. Em 1986, com 15 anos, tornei-me Presidente da Associação dos Jovens (AJSI) da Associação Local (AL) de Itaquera, da então Regional SP – CENTRAL 2. Em 1993, fui nomeada Líder da Iluminação e, desde 2011, sou Preletora em Grau Sênior. Ocupei posições organizacionais na Associação dos Jovens, Associação dos Preletores, Associações Pomba Branca e Shirohato. Realizei reuniões para mães, casais e crianças em minha própria casa, na Associação Local de Suzano e, em minha atual Regional, SP – MOGI DAS CRUZES. Como Vice-Coordenadora Nacional do Departamento de Casais, sempre trabalhei nas atividades das Regionais, em português e em japonês. Em 2008, assumi a função de Coordenadora Regional do Departamento Wakahato[3] da Regional SP – CENTRAL 2, em idioma japonês. Em 2011, tornei-me Vice-Coordenadora Nacional, e em 2014 assumi a Coordenação Nacional deste Departamento.

REVISTA MULHER FELIZ (MF) – Atualmente, qual sua função na SEICHO-NO-IE DO BRASIL?

PRELA. DÉBORA – Em março de 2020, assumi a Coordenação Nacional do Departamento de Mães da Associação Pomba Branca (APB); sou membro da Comissão Executiva Central e Vice-presidente Nacional da Associação Pomba Branca, em ambos os idiomas. Auxilio a APB na Comissão Editorial da Revista Mulher Feliz e do Jornal Querubim. Escrevo artigos e ajudo na realização de eventos transmitidos pela internet.

REVISTA MULHER FELIZ (MF) – Como foi seu despertar espiritual?

PRELA. DÉBORA – Aprendi com meu avô que o Ensinamento deve ser vivenciado no cotidiano e que cada um tem o tempo certo para despertar. O meu momento aconteceu entre 1982 e 1983, quando minha família passava por diversos problemas. Tínhamos problemas financeiros, minha mãe vivia doente, não havia harmonia entre meus pais e eu também era uma pessoa de temperamento muito difícil e rebelde. Vivíamos dias de brigas e insatisfações. Foi quando meu tio Jorge, que também era Preletor, levou-me para a Academia Sul Americana de Treinamento Espiritual da Seicho-No-Ie de Ibiúna – SP para participar de um Seminário para Jovens. Eu tinha 12 anos.  As palestras e práticas tocaram fundo meu coração. Ao retornar, decidi mudar o rumo da minha vida. Decidi estudar os livros, orar pelos Antepassados e praticar com seriedade a Meditação Shinsokan. Procurei uma AL onde morava, no bairro de Itaquera, em São Paulo. Descobri que não havia Reunião de Jovens ali e então me uni a alguns amigos e iniciamos a reunião.

Como todas as pessoas, tinha questões pessoais a serem resolvidas. Tinha muitas mágoas de meus pais, e não me relacionava bem com ninguém. Tinha poucos amigos, era mal-humorada, a autoestima era baixa; nada dava certo para mim. Meus estudos não corriam bem, tudo me parecia um fardo. Às vezes, me sentia como uma panela de pressão, tamanha raiva, tristeza e insatisfação que carregava. Então, ganhei de minha mãe O Livro dos Jovens, e quando o li, me assustei. Tinha a impressão de que alguém havia contado ao Sagrado Mestre Masaharu Taniguchi, autor do livro, tudo o que eu vivia naquele momento. Fiquei chocada quando li que “o ambiente é reflexo da nossa mente”, ou “quando eu mudar, o mundo ao meu redor mudará”. Revoltei-me, pensando “Como assim? Nunca desejei ter pais que vivem brigando, não ter dinheiro pra nada e ser sempre sozinha! ”. A revolta foi tanta, que rasguei o livro, joguei-o no chão e pisei em cima! Depois que o nervoso passou, fiquei com a consciência pesada, afinal o livro havia sido presente da minha mãe. Também havia escutado na Seicho-No-Ie que devemos amar e agradecer aos pais. Então, colei tudo com fita adesiva e, mentalmente, pedi desculpas à mamãe. No dia seguinte, resolvi praticar a Meditação Shinsokan na sala de casa. Já tinha decorado a oração. Quando abri os olhos, minha mãe estava ao meu lado, chorando de emoção. Nos abraçamos bem forte. A partir daí ela resolveu fazer comigo a Meditação Shinsokan e a Oração de Gratidão aos Antepassados e Anjinhos Abortados (espíritos de meninos e meninas que sofreram aborto espontâneo ou não espontâneo) de nossa família. Tudo mudou a partir de então. Tornei-me uma pessoa mais alegre, corajosa e calma. Meus pais se reconciliaram. Nossa vida financeira foi se estabilizando. Comecei a estudar a fundo o Ensinamento e a ajudar na AJSI. Eu, que tive muitos problemas nos estudos na época do colégio, que tinha dificuldades no relacionamento com as pessoas e autoestima baixa, entrei numa das faculdades mais cobiçadas na área que escolhi, a ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing. Arrumei um bom emprego numa empresa multinacional, recebi diversas promoções, encontrei minha alma gêmea, realizei até o sonho de conhecer a Seicho-No-Ie no Japão. Tudo isso antes dos 20 anos de idade. Daí entendi o Ensinamento: “Quando eu mudar, o mundo ao meu redor também mudará”.

REVISTA MULHER FELIZ (MF) – Você teve contato com alguns pioneiros da SEICHO-NO-IE DO BRASIL. Pode compartilhar conosco estas vivências?

PRELA. DÉBORA – Dentro do Ensinamento tive e tenho muitos professores. Meu avô me ensinou muito. Ele não falhava, nem um dia, na prática da Meditação Shinsokan, na Oração de Gratidão aos Antepassados ou no estudo. Lembro-me com carinho das palestras do Professor Miyoshi Matsuda e de suas orientações, sua fé inabalável, assim como meu avô. Pude conviver e aprender com maravilhosos praticantes do Ensinamento. Alguns já partiram para o mundo espiritual, mas estão eternamente em meu coração.

REVISTA MULHER FELIZ (MF) – Em quais aspectos ser Seicho-No-Ie a modificou interiormente?

PRELA. DÉBORA – Posso dizer que o Ensinamento me mudou por inteiro, me tornou uma pessoa que ouve antes de falar, faz reflexões diárias, cuida de suas palavras e emoções. Estudo muito, o tempo todo. A oração faz parte do meu cotidiano e é minha maior ferramenta para enfrentar quaisquer dificuldades. Sou muito feliz! Graças à Seicho-No-Ie, me reconciliei com meus pais e meu irmão, encontrei minha alma gêmea e formei uma família linda.

REVISTA MULHER FELIZ (MF) – Dentre os livros da Seicho-No-Ie, quais ocupam lugar especial em seu coração?  

PRELA. DÉBORA – Meus primeiros livros da Seicho-No-Ie foram O Livro dos Jovens e Leve Avante Sua Vida. Fiz profundas reflexões e tomei decisões importantes graças a esses dois livros. O livro  Buscando o Amor dos Pais foi o que me levou a buscar dentro de mim a filha verdadeira. O livro Assim se Concretiza o Amor e Nova Visão do Casamento fizeram grande diferença no meu relacionamento conjugal. Leio frequentemente as Sutras Sagradas, mas a que me traz forças é a Sutra Sagrada Contínua Chuva de Néctar da Verdade[4] p.139-140, especialmente o trecho:

“O ser absolutamente imaculado, perfeito e harmônico que transcende a causalidade e que está acima dos sofrimentos cármicos – eis a Imagem Verdadeira de tua Vida.”