Uma parceria que dá certo
Não há dúvida alguma que é na família que aprendemos as primeiras lições de vida, os primeiros hábitos e eles são formados por meio da experiência individual e coletiva de convívio. Também podemos considerar a importância da formação escolar neste contexto. E é devido a essa grande influência exercida pela família nos primeiros anos e vida de uma criança que é necessário saber a melhor maneira de se educar. A Educação da Vida, nome dado ao conjunto de princípios que norteiam a forma de educarmos com base nos ensinamentos da Seicho-No-Ie, não visa melhorar a criança moldando-a através de determinadas técnicas ou métodos educacionais. O que desejamos é fazer manifestar a natureza verdadeira de filho de Deus existente no interior de todo ser humano. Aquele que educa com base nesses princípios procura fazer com que a criança exteriorize a natureza divina que se abriga no seu interior a partir do uso correto da palavra e do elogio às qualidades presentes em todo ser humano, ao contrário da educação que procura corrigir apontando os defeitos que estão manifestados. Então, o trabalho do educador, seja ele alguém da família, ou seja, um profissional da área de educação é fazer com que se manifeste a natureza divina por meio do poder da contemplação. Educar contemplando apenas a Imagem Verdadeira é a base fundamental para que o bem existente na criança se manifeste.Então, o trabalho do educador, seja ele alguém da família, ou seja, um profissional da área de educação é fazer com que se manifeste a natureza divina por meio do poder da contemplação. Educar contemplando apenas a Imagem Verdadeira é a base fundamental para que o bem existente na criança se manifeste.
Afora isso é importante que a criança aprenda a agradecer a todos aqueles que estão contribuindo para sua educação.
No livro Ensinando e Disciplinando os Filhos, constam os ‘dez lemas para melhorar o desempenho escolar de nossos filhos’. O 4º lema diz: “Agradecer aos professores”! “A criança muda com facilidade a sua preferência (ou aversão) por determinadas disciplinas. Muitas vezes, o interesse ou desinteresse por uma matéria é consequência da simpatia ou antipatia que a criança tem pelo professor”.
E, muitas vezes, mesmo crianças e adolescentes que são elogiadas e incentivadas pelos pais podem apresentar alguma dificuldade de aprendizagem. Se isso acontecer como a família deve proceder nessa hora? Bem, nada melhor que dizer como a partir de uma experiência que vivi com meu filho. Ele estava no 7o ano do Ensino Fundamental, e estava apresentando dificuldade de aprendizagem em língua portuguesa. Todos os dias ele chegava em casa reclamando muito que a professora o discriminava e o comparava pejorativamente.
No caderno vinham anotações como: ‘Precisa melhorar!’, ‘Precisa estudar mais!’, ‘Precisa ter mais interesse’, etc. Porém, eu dizia a meu filho que a professora estava interessada em seu progresso, por isso chamava sua atenção. Comecei, então, a fazer mentalizações de harmonização da professora para ele e vice-versa. Mentalizava constantemente:
‘professora N, a senhora e o Eduardo são filhos de Deus, e têm muito amor e respeito
um pelo outro. A senhora é uma excelente
professora, só vê as qualidades dele. Confio muito na senhora. Muito obrigado!’.”
Fiz muitas mentalizações, até que um dia ele chegou muito nervoso, chorando: ‘Eu não suporto mais essa professora; ela me colocou lá no fundão, disse que se eu não estudar, vou repetir o ano, e sabe o que mais? Na frente de toda classe ela disse ‘Peixe, se você não estudar, vou transformá-lo em molusco!’. Mãe, a senhora me chama de filho de Deus e, ela, de molusco?! Eu sei o que é molusco, pode ser até uma lesma”, disse ele, indignado. Eu afirmei ‘A professora N procede assim porque não conhece o poder da palavra filho. Você é a luz de sua classe; tudo isso é para manifestar a glória de Deus, você vai ver’. Intensifiquei as mentalizações até o dia da primeira reunião com os pais. Era um sábado. Ele ficou em casa e antes de sair para a reunião eu afirmei que tudo iria ficar bem. Fui mentalizando em todo o percurso: “professora N e o Eduardo são amigos, estão em perfeita harmonia, tudo já melhorou.”
Ao chegar, a professora me colocou junto dela, no centro do círculo de pais. Não nos conhecíamos, eu me apresentei e ela disse: “O Eduardo está muito mal nos estudos, eu já avisei que se ele não melhorar vou transformá-lo em molusco”. Eu estava calma por conta das orações.
Serenamente perguntei: “professora, posso lhe dar uma sugestão?” Ela afirmou que sim. “Por que em vez de dizer: Peixe, se você não estudar vou transformá-lo em molusco, a senhora não tenta assim: Peixe, se você estudar será um tubarão!” A frase caiu sobre ela como a força de uma raio. A professora N, gaguejando muito, disse “Eu não pensei assim, eu não sabia!” Eu agradeci, afirmando que acompanhava os cadernos do Eduardo e notava como ela é ótima professora, comprometida com o ensino. Falei: “Agora já nos conhecemos; se precisar de algo, fique à vontade, conte comigo”.
Fui para casa profundamente emocionada. Disse ao Eduardo que gostei de conhecê-la e não mencionei o ocorrido. Ele ainda estava muito aborrecido. Na segunda-feira, ele chegou da escola gritando: ‘Mãe, aconteceu um milagre! A senhora não sabe! Assim que cheguei, a professora N colocou minha carteira perto da mesa dela, passou a mão na minha cabeça, me ensinou análise sintática, que eu detestava — aprendi na hora — e ela pediu que eu ajudasse meus colegas, explicando na lousa! Olha o meu caderno!”. Eu abri e estava escrito: ‘Peixinho, você é um excelente aprendiz! Parabéns!’. Ela tornou-se uma grande amiga do Eduardo. Fui liberada de todas as reuniões mensais, porque ele era um ótimo aluno.
Com o embasamento da Educação da Vida comprovamos que família e escola devem se apoiar para o bem do aluno, seu aproveitamento e aprimoramento do caráter. E a Seicho-No-Ie nos ensina claramente como proceder para que essa parceria se dê a partir da colaboração mútua e beneficie a família, a escola e nossos filhos e filhas.
Artigo publicado em: Revista Fonte de Luz – Ano LIV - Nº590 – Fevereiro/2019 - pp. 10-12 – Seção: Educação da Vida em Família