Um dos objetivos de estudo da ética é o bem, procurar conhecer a essência do bem, saber qual é o meio de se concretizar o bem. E como o bem é a manifestação do valor eterno através do homem e de seus atos, o outro objetivo fundamental da ética é a compreensão da natureza do ser humano. Na Bíblia, consta: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele, e a vida era luz dos homens (João, 1:1-5). Essa vida que é luz dos homens, é o Verbo. O Verbo é a Vida que “soa no universo”.
Portanto, o verdadeiro homem não é o corpo carnal e sim um ser grandioso; é a própria expressão da natureza divina. O conhecimento do que seja o “homem real” ou o verdadeiro homem constitui a base da ética.
O bem é o estado resultante da manifestação da natureza divina do homem. Portanto, nem sempre é uma “forma” de conduta e não tem uma configuração definida. Ele é a condição em que a ilimitada natureza divina do homem manifesta-se de modo adequado à ocasião, ao lugar e à pessoa. Uma ideia ou um ato que no passado tenha sido considerado “bem”, porque era adequado àquela época, àquele lugar e àquelas pessoas, pode não ser reconhecido como tal, na época atual.
A finalidade da educação, por sua vez, é fazer manifestar aquilo que já existe verdadeiramente no ser humano. Podemos dizer que o objetivo da moral, da arte, da educação concentra-se “na- quilo que existe verdadeiramente”. Até pouco tempo atrás, a educação propriamente dita consistia, quase sempre, em tentar fazer com que a criança ou o adolescente manifestasse o seu valor verdadeiro, apontando os pontos negativos e repreendendo. Não obstante, pais e educadores não devem se apegar ao mal que está manifestado.
Se a criança ou o adolescente está se comportando de maneira inadequada, basta banirem de suas mentes a ideia de ver o mal como existência verdadeira e proferirem palavras iluminadoras, ou seja, palavras positivas que estimulem a manifestação do que existe verdadeiramente. O método educacional para a formação do homem verdadeiro consiste, na verdade, na própria educação dos adultos.
Uma simples palavra de amor, de confiança e de elogio leva a criança ou o adolescente a melhorar. Palavras como “Você é realmente um bom menino!” têm poder suficiente para fazer manifestar o menino realmente bom. Por outro lado, palavras histéricas como “Que menino mau você é!” frequentemente o tornam realmente mau. Os educandos acreditam que seus pais e professores são grandes pessoas. Se estas importantes pessoas lhes disserem que são maus, eles pensarão que são realmente maus. E, uma vez assim pensando, perderão o interesse pelos estudos, cogitando que seus pais e educadores não gostam deles. Dependendo de uma simples palavra, o educando poderá fazer-se bom ou mau. Em outras palavras, as notas do boletim escolar são notas dos educadores e dos pais, e não dos educandos.
Na escola, os professores observam o comportamento das crianças e dos adolescentes, e classificam como “alunos bons” os bem-comportados, e muito dificilmente consideram os alunos malcomportados, como “alunos bons”. No entanto, se a equipe escolar voltar a atenção somente para os alunos bem-comportados, formarão crianças e adolescentes bons somente na aparência. Interiormente, esses educandos poderão estar repletos de insatisfações e descontentamentos, e talvez se tornem pessoas incapazes de ver as virtudes dos outros.
A Educação da Vida ensina que todos nós possuímos em nosso interior a Vida de Deus. Uma simples atividade que o professor pode aplicar aos alunos é estimulá-los a contar fatos de boas ações que eles observam no dia a dia. Com essa atividade, eles gravarão em suas mentes apenas os fatos positivos e com o tempo terão as suas mentes focadas no bem e no belo, e passarão também a agir nesse sentido.
A Educação da Vida ensina que todos nós possuímos em nosso interior a Vida de Deus.
Pais e educadores: ensinem às crianças e aos adolescentes o quanto é sublime a Vida que neles habita, o quanto é sublime a Vida humana. Ensinem que neles habita o Deus da capacidade infinita e do talento infinito, não só para o seu próprio benefício como também para iluminar toda a humanidade. Ensinem que eles vieram ao mundo não somente para interesses próprios, mas principalmente porque receberam de Deus a grande missão de aumentar a felicidade e o brilho de toda humanidade. Esta consciência é a mais fundamental para o homem, e quem adquire este princípio na infância ou adolescência jamais se desvia do caminho e efetivamente se torna uma pessoa que sente prazer em dedicar-se à felicidade geral da humanidade.
Lembrem-se sempre que a Vida que flui eternamente habita no interior de todas as pessoas, e que a situação adversa que está manifestada hoje é, na verdade, o trampolim para o sucesso. Salientem os pontos positivos das crianças e dos adolescentes para que eles abandonem o foco de atenção em seus aparentes pontos negativos e transformem as horas entregues ao desânimo em horas de avanços cheios de esperança. Não fixando a mente nos pontos negativos, desaparecerá a tendência de reiterar erros ou derrotas.
Então, passarão a se manifestar neles somente as qualidades e a se desenvolver apenas os pontos positivos. Pais e educadores devem elogiar e louvar os aspectos manifestados em seus filhos e alunos, pois dessa forma se desenvolverá uma personalidade digna de filho de Deus. O elogio verdadeiro é sincero e reconhecido por quem foi elogiado e, sendo assim, fará com que um caráter nobre se manifeste. A princípio, pais e educadores usam o poder da palavra por meio de elogios, porém chegará o dia em que não só os pais e os educadores, mas toda a humanidade louvará e admirará as qualidades manifestadas. Somente então eles terão alcançado o objetivo final da educação das crianças e dos adolescentes.
A ética já está presente em todos nós, mas ela só se manifesta quando conseguimos manifestar o belo e o bem que já possuímos. As palavras de amor e o elogio são ferramentas que possibilitam concretizar a ética no ambiente escolar.
Artigo publicado em: Revista Fonte de Luz – Ano LIV - Nº592 – Abril/2019 - pp. 25-28 – Seção: Educação da Vida em Família