Como filhos de Deus, todos nós somos originariamente perfeitos. A Vida de Deus habita em nós e sempre nos conduz ao caminho do Bem. Estamos interligados a todas as pessoas, a todos os seres na essência; somos, então, uma só Vida. Eu e o outro somos um. Despertar para essa conscientização nos torna livres. Pelo livre arbítrio, temos a oportunidade de escolher como podemos manifestar essa perfeição no nosso cotidiano, compreendendo que todos os nossos pensamentos e ações interferem de maneira positiva ou negativa, não somente em minha própria vida, mas também na vida de outras pessoas e até mesmo no ambiente onde estamos.

Para podermos evoluir constantemente e manifestar cada vez mais essa sublime Vida de Deus, a cada reencarnação acumulamos diversas experiências. Nascemos neste mundo carregando vivências do passado, que se tornam hábitos mentais determinando a nossa própria personalidade, fisionomia, saúde e, consequentemente, o nosso destino.

É muito interessante constatar que, cada vez mais frequentemente, nascem mais crianças vegetarianas. Não é algo ensinado, mas algo inerente a elas. Hoje conhecidas como “geração cristal”, elas já nascem tecnológicas e com um raciocínio incrivelmente rápido e criativo, nos ensinam com suas escolhas a amar o meio ambiente e a respeitar a natureza.  Anjos de luz para a nossa sociedade, já trazem consigo a força da espiritualidade.

Apesar de trazermos conosco os carmas e hábitos do passado, podemos escolher ter nesta vida hábitos naturalmente bons, como o dessas crianças.

Na Revista Fonte de Luz, set./2018, Seicho-No-Ie na Atualidade, p. 26, a Preletora Viviane Tenório de Macêdo Hara, atual Presidente Nacional da Associação Pomba Branca da SEICHO-NO-IE DO BRASIL, em seu artigo intitulado “Praticar o amor de unidade entre eu e o outro, abstendo-se da alimentação à base de carne”, nos relembra que o passado pode ser vencido pela aplicação da Verdade. Ela escreve da seguinte maneira: “A aplicação de duas verdades básicas nos salva do passado e nos garante o futuro: 1) O ser humano não é este corpo carnal, mas sim espírito; 2) Eu e o outro somos um – se não nos lembramos dos outros, é porque nos esquecemos de quem somos. Ou seja, originalmente unos com Deus e a Natureza”.

Buda ensinou a seus monges quão importante é comer com gratidão tudo que lhes fosse oferecido; seus seguidores evitam o consumo de carne. Um dos direcionamentos do Budismo consiste em respeitar a natureza e “não matar” qualquer ser vivo, pois “Eu e o Outro fazemos parte de uma única Vida”.

No livro Mente Alimentação e Fisionomia, 1ª ed., p.53, o Sagrado Mestre Masaharu Taniguchi, consta o seguinte:

 

“Os monges dos mosteiros evitam a ingestão de carnes e se alimentam de vegetais, porque os alimentos de natureza vegetal purificam o sangue, oferecem para a mente paz e serenidade, tranquilizando-a, deixando-os num estado adequado para alcançar a iluminação.”

 

Faz parte da religiosidade o viver. Quando falamos de “gastronomia e espiritualidade”, nossa consciência deve expandir-se mais em direção ao sentimento de gratidão, a todos os alimentos e a todas as pessoas que trabalharam para o alimento chegar à nossa mesa. Devemos ir além, refletindo e escolhendo adequadamente cada prato que servimos em nossa mesa, de forma a impactar positivamente na preservação do Meio Ambiente.

O Fórum Econômico Mundial reuniu em Davos, na Suíça, em Janeiro de 2019, os principais líderes empresariais e políticos, assim como intelectuais e jornalistas selecionados, para discutir as questões mais urgentes enfrentadas mundialmente, incluindo saúde e meio-ambiente. Expôs-se assim uma preocupação mundial em relação à necessidade de diminuição do consumo de carne bovina para conter a emissão de gás carbônico, preservar recursos naturais como a água, diminuir o desmatamento e aumentar a distribuição de alimento às pessoas que passam fome.

No Brasil, grandes empresas e até mesmo prefeituras, escolas e restaurantes populares têm percebido a importância de diminuir o consumo de carne e têm aderido à mobilização denominada “Segunda sem carne”, encabeçada pela Sociedade Vegetariana Brasileira, que propõe substituir a proteína animal pela proteína vegetal uma vez por semana. Essa mobilização se originou nos Estados Unidos e acontece também em outros países incentivando o desenvolvimento da consciência ecológica e de novos hábitos e sabores.

Conforme a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e Secretarias da Educação e de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, em 2017, com essa campanha, nas unidades do Bom Prato, deixaram de ser consumidas 34 toneladas de carne.  Nas escolas estaduais foram 1.530 toneladas e nas municipais 436 toneladas, totalizando uma economia de 2000 toneladas de carne. Dados impressionantes que resultaram, através dessas ações, em uma diminuição de 280 mil toneladas de CO2 na atmosfera e uma economia de 57 bilhões de litros de água.

É importante que nossos pensamentos se tornem ações. Você pode contribuir para o mundo se tornar um lugar cada vez melhor, onde se desenvolve a felicidade e a prosperidade para todos os seres vivos; comece aos poucos, praticando a Meditação Shinsokan para unir seu coração e seus pensamentos com Deus, e ao mesmo tempo, amplie sua consciência de que eu e o outro fazemos parte de uma só vida. Além disso, você pode ir deixando de consumir carne uma vez por semana, ou ir diminuindo seu consumo gradativamente, por exemplo, se você se alimenta sete dias da semana com carne, diminua para cinco, depois para três e assim por diante. Pense nisso.

 

Fontes:
Saiba mais sobre a “Segunda sem carne” e o “Fórum Econômico Mundial de Davos” acessando os links abaixo:

               

Débora T. T. Kubo

Novos hábitos. Mulher Feliz. São Paulo, jan./2020. Gastronomia e Espiritualidade, pp.24-25.