Você sabia que o número de divórcios no Brasil tem aumentado em relação ao número de casamentos nas últimas décadas? Segundo dados do IBGE¹, nos anos 2000, a cada 5 casamentos ocorria 1 divórcio. A partir de 2010, a proporção foi de cerca de 4 para 1 e em 2020 foi de apenas 2,3 para 1. Se inúmeros jovens buscam o tão sonhado encontro com a alma gêmea e uma vida conjugal feliz, quais são os motivos que levam a tantas separações? Será que as pessoas estão conscientes das responsabilidades de uma vida matrimonial? Será que possuem a visão correta a respeito do casamento?

Na Seicho-No-Ie consideramos o casamento como um dos passos mais importantes da vida do jovem, talvez o principal. Isso porque ele não é simplesmente uma união de corpos, mas o reencontro de duas almas que se atraíram mutuamente para constituir uma família e, a partir de então, iniciar uma vida a dois, dando continuidade à vida dos antepassados e podendo gerar os seus descendentes. Portanto, trata-se de uma união espiritual, movida pela grandiosa força do amor.

Aos que pretendem casar ou aos que já casaram, selecionamos algumas dicas que vão contribuir para fortalecer o significado do enlace matrimonial, constituindo a base para um relacionamento feliz e duradouro.

1. Tenha clareza quanto ao objetivo do matrimônio: segundo a mitologia japonesa, o mundo foi criado quando Deus único se manifestou dividindo-se em dois pólos (positivo e negativo), que, atraindo-se mutuamente, geraram tudo o que existe. Em outras palavras, para que o princípio criador, que é único, se manifeste e gere frutos, é necessário que ocorra a sua divisão em duas polaridades e o posterior enlace. Essas partes, aparentemente separadas, possuem, na essência, a mesma base. Quando duas pessoas se unem, seguem esta mesma lei universal, pois ambos são Filhos de Deus na sua essência, mas nascem nesse mundo com polaridades opostas para que se reencontrem e constituam uma família, em obediência ao princípio da criação. Portanto, o objetivo do matrimônio não é a satisfação dos prazeres individuais ou a obtenção de status social, muito menos a cooperação mútua para a prosperidade material, mas a expressão do amor e da sabedoria de Deus por meio da união entre os cônjuges.
2. Ame verdadeiramente: amar é reconhecer que eu e o outro somos um. Para atingir esse estágio de consciência, é necessário identificar o ponto de conexão entre a minha vida e a vida do outro, que é a essência divina de cada um de nós, ou seja, ver a si próprio e ao outro como Filhos de Deus. Quando, ao contrário, vemos o cônjuge como um ser meramente material, como alguém separado de mim, surge o ponto de vista relativo, que enxerga apenas o erro no outro, que vê o seu comportamento como oposto às minhas expectativas. Essa visão equivocada e parcial constitui o embrião da desarmonia conjugal. Para ser feliz no matrimônio, deve-se amar incondicionalmente, anulando o ego e a escolha baseada no individualismo, para, assim,  vivificar o outro com o amor sublime.
3. Utilize sempre boas palavras: é comum vermos casais de namorados trocando carícias e elogios mutuamente. Porém, após o casamento, muitos deixam de exercitar o elogio e o reconhecimento às qualidades do cônjuge e passam a criticar o seu comportamento e as suas opiniões, o que constitui um grave erro. Para que um casamento se sustente de forma harmoniosa, é fundamental exercitar o uso de boas palavras dentro do lar.  Essa prática trará resultados ainda melhores se for acompanhada pela fisionomia alegre e harmoniosa, reflexo da mente serena, transbordante de amor e de sincera gratidão.

Colocando em prática as dicas apresentadas, não há dúvidas de que a sua vida matrimonial será repleta de alegria e de significado. Caso você tenha se interessado por esse assunto, leia as obras da Seicho-No-Ie dedicadas a essa temática, em especial, o livro Namoro, Casamento e Maternidade, que serviu como base para a elaboração deste artigo.

¹ Disponível em:
https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/02/18/com-varas-judiciais-fechadas-pela-pandemia-numero-de-divorcios-cai-136percent-em-2020.ghtml. Acesso em: 06 de julho de 2022.