“O amor é força que une”, esse é o significado de musubi para a Seicho-No-Ie. “Eu sou porque nós somos”, é o significado de ubuntu, para a filosofia africana. Essas expressões são meus pilares e me guiaram para tomar uma das decisões das quais mais me orgulho. No final de 2015, tomei a decisão de me tornar vegetariana. Inicialmente, não tomei essa decisão pelo sentimento de união em relação a dor sofrida pelos animais. Contudo, um dos ensinamentos da Seicho-No-Ie se tornou um mantra para mim: “O seu lugar no mundo é onde você se move em prol do coletivo”. Por meio de um processo de educação ambiental, mas, principalmente, de ampliação da minha consciência espiritual, aprendi os impactos positivos que a redução do consumo de carne gera para toda coletividade, por isso, tomei aquela decisão, pois queria ser exemplo de que mudar é possível. Que exemplo você quer dar para as pessoas e que só depende de você? No meu caso, mudar a minha alimentação era a resposta. O vegetarianismo se tornou uma ferramenta de transformação e de construção de novas possibilidades.
Porém, como toda transformação se inicia internamente, o meu processo de mudança de hábitos foi, sobretudo, cuidadoso. Cuidadoso com meu corpo, cuidadoso com as pessoas ao meu redor e cuidadoso com a rotina de vida que eu levava. Durante todo o ano de 2016, eu passei a realizar pequenas substituições e reduções no consumo de carne. Sem dúvidas, mudar de hábitos é sair da zona de conforto. Mas, sair da zona de conforto é ganhar liberdade, autonomia e autoconhecimento. Tornar-se vegetariano é ter uma postura ativa em relação ao que está no seu prato, por meio do ato de cozinhar, mas, também, de identificar de onde vem o que te nutre. Ser vegetariano é ter a chance de provocar micro mudanças em um sistema que vem pronto e imposto. É ter a chance de (se) questionar: por que não fazer diferente e melhor?
Hoje, meus familiares e amigos próximos também mudaram seus hábitos e refletiram sobre os impactos que causam no mundo. Comer é nutrir-se e tudo o que temos dentro de nós ressoa externamente. Continuando nesse processo de expansão da consciência, hoje, eu estou em transição para o veganismo. Como dica para quem quer iniciar essa jornada, de autocuidado e impacto social e espiritual, é: permita-se. Permita-se questionar, permita-se conhecer, permita-se ouvir, permita-se sentir o musubi em sua vida. O nosso alimento está diretamente conectado com as mudanças climáticas, com o meio ambiente e com o cuidado para com as novas gerações. Porém, a nossa alimentação se conecta com a construção de relações respeitosas com nós mesmos, com quem nos relacionamos e com a natureza. Sonhar o futuro, perpassa sonharmos e mudarmos hoje. Atualmente, por exemplo, eu me inspiro em comunidades periféricas que utilizam hortas orgânicas e comunitárias como meio de alcançar autonomia, segurança alimentar e viver em união com tudo ao seu redor. E você, em quem você se inspira? Que marca você quer deixar?