Do culto ao corpo ao seu real sentido de uso

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Atualmente, mais da metade da população mundial tem acesso à internet, 4 bilhões de pessoas aproximadamente, de acordo com o último relatório Digital in 2018[i]. Além disso, 42% de todo o mundo, cerca de 3,2 bilhões de pessoas, utiliza as redes sociais. No Brasil, esse número cresce ainda mais, são 116 milhões de brasileiros online, ou seja, 64,7% de toda a população[ii].

O aumento do acesso das pessoas à internet e às redes sociais também vem trazendo, proporcionalmente, aumento da exposição da vida particular das pessoas. Cada vez mais são postados textos, fotos, vídeos da vida cotidiana das pessoas nas redes sociais. Nunca se fotografou tanto na história da humanidade, e também nunca se compartilharam tantas fotos com os outros. Para muitas pessoas, isso é motivo de alegria, porém, para outros, torna-se um sofrimento, pois surge uma preocupação excessiva com relação à sua imagem, ao seu corpo.

As pessoas querem sempre mostrar o seu “melhor ângulo”, “melhor perfil”, nas fotos, isso é, até certo ponto, normal. Porém, o que se percebe é que muitas pessoas estão em uma busca desenfreada para “moldar” o próprio corpo, fazendo disso seu objetivo de vida. Isso pode ser evidenciado, também, pelo aumento do número de cirurgias plásticas no mundo. De acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS)[iii], houve um aumento de 5% do número de cirurgias plásticas com relação a 2016. O Brasil é o segundo da lista, com 2.427.535 procedimentos (cirúrgicos e não cirúrgicos), ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

O fato de olhar para o outro e se comparar ocorre com todas as pessoas, principalmente entre os jovens, pois ainda estão na fase de descoberta e construção de sua individualidade. Quem nunca fez isto: ver o que tem no corpo do outro que o seu não tem; ver o que está sobrando no seu e no outro não; achar que a outra pessoa é mais bonita, mais elegante do que você etc. Porém, quando se olha muito para o exterior é porque está faltando o exercício de olhar para o seu interior. Uma das práticas mais importantes da Seicho-No-Ie, e que proporciona esse olhar para dentro de si, é a Meditação Shinsokan. Nessa meditação, você mergulha fundo em seu interior, mas não no interior de carências e mágoas, você irá mais fundo, até encontrar a sua essência, que é Deus. É aí que você se reencontra consigo mesmo e surge uma plena autoestima, que torna dispensável qualquer tipo de comparação com o outro. Quando se reconhece que dentro de si habita a vida de Deus, um ser espiritual e não material, as insatisfações e preocupações com o próprio corpo desaparecem, tornando-o ainda mais belo.

A Seicho-No-Ie ensina que a matéria é inexistente, portanto o corpo também é inexistente. Porém, o fato de a matéria não ter existência verdadeira não significa que se deve tratá-la com desprezo. Entendendo mais a fundo o ensinamento de que a matéria não existe, compreende-se outra Verdade, a de que por trás da matéria existe a vida de Deus. Portanto, uma cadeira não é apenas um objeto material, ela é a expressão da vida de Deus. O corpo do ser humano não é apenas um aglomerado de matéria, ele é a expressão da vida de Deus. Por isso, é importante ter gratidão ao próprio corpo e tratá-lo com reverência. O corpo é uma dádiva que recebemos, tanto dos pais, quanto da “mãe-natureza”. Pois todos os elementos do corpo advêm da natureza e são mantidos por ela, por isso, além da gratidão aos pais, deve-se estender essa gratidão, também, à natureza.

Quando se tem o sentimento de gratidão, ocorre uma mudança no modo de viver das pessoas, as suas ações são o reflexo de seu estado de gratidão. Por exemplo, quando o filho tem gratidão aos pais, faz com alegria o que os pais solicitam, como tirar boas notas na escola, ser gentil e generoso com os irmãos etc. Quando se tem gratidão à sua casa, procura-se sempre mantê-la limpa e em ordem. Quando se tem gratidão aos alimentos, não ocorre desperdícios.  Portanto, essas são ações que refletem uma mente grata. O contrário também ocorre: quando há um esforço para ser reverente aos pais, tirar boas notas etc., o filho se torna verdadeiramente feliz e grato aos pais; quando se limpa e arruma a casa, brota no coração uma sensação de alegria e gratidão; e, quando não se desperdiça nenhum alimento, sente-se plena satisfação. Assim sendo, o modo como se age com o corpo também influencia a sua mente.

A forma como você age com o seu corpo também molda o seu destino. Pois o destino é formado pela ação cármica, que são acúmulos de vibrações mentais decorrentes do pensar, falar e agir. Pode-se dizer, também, que os carmas de uma pessoa são os seus hábitos. Portanto, para ter um bom destino, deve se ter bons hábitos. Como andam seus hábitos? Como você tem agido com seu corpo? Você faz coisas pensando só em si, ou se coloca no lugar do outro? O uso correto do corpo está se tornando cada vez mais necessário nos dias atuais, em que para muitas pessoas importa mais ter um “belo” rosto, um “belo” corpo, do que ser uma pessoa bela e de bom caráter. Deixe de pensar apenas em si mesmo. A crença de que o ser humano é um ser material faz com que as pessoas se tornem mais egoístas, pois, como enxergam os corpos separados de cada um, concluem que são seres distintos. Porém, como na essência habita a mesma vida dentro de todos os seres, há essa união intrínseca. Por isso, um bom hábito que você precisa adquirir é o de ajudar os outros. Doe-se, auxilie entidades filantrópicas e sociais, faça a vida do outro mais feliz, divulgue a Seicho-No-Ie para outras pessoas. São boas ações que trarão um destino muito feliz a você.

Além disso, existe também a questão do automatismo hoje em dia. A tecnologia vem ajudando o ser humano de diversas formas, facilitando o dia a dia, como ir ao trabalho de carro, comprar produtos pela internet, conectar-se on-line com pessoas do mundo todo pelo seu celular etc. Porém, essas facilidades nem sempre são boas para todos. Por exemplo, o uso do carro para ir ao trabalho todos os dias. O carro é rápido, proporciona privacidade, se fizer calor, você pode ligar o ar-condicionado, e o seu esforço físico é mínimo, somente o de virar o volante e trocar as marchas. A tecnologia deixa a vida cada vez mais fácil, mas isso nem sempre é bom. Essas facilidades fazem com que o seu corpo deixe de se movimentar. Antigamente, o transporte era a pé ou de bicicleta, era mais trabalhoso, mas o corpo era mais saudável. Assim como uma espada precisa ser sempre polida para não enferrujar, o corpo do ser humano deve estar sempre em movimento para não “enferrujar”. Além desse impacto no corpo humano, o uso do carro também gera outro impacto, que é no meio ambiente, pois o uso de combustíveis fósseis, como a gasolina e o óleo diesel, joga para a atmosfera o gás carbônico, que intensifica o aquecimento global, e está causando grandes impactos no planeta.

Portanto, é necessário rever o modo de vida que a sociedade está atualmente habituada. Rever a forma como está utilizando o próprio corpo. Mudar de hábito não é fácil, mas é necessário. Assim como o hábito foi construído, ele pode ser destruído, para um novo hábito mais saudável surgir.  As pessoas precisam fazer um esforço para mudar o seu estilo de vida, para o seu próprio bem e também do planeta Terra, que é a único lugar para o ser humano viver.

Para auxiliar nesta mudança de hábitos, a Seicho-No-Ie tem uma proposta prática. São os Clubes da Seicho-No-Ie: Clube de Artesanato, Clube de Bicicleta e Clube de Horta Orgânica. Cada clube auxilia a mudar um determinado estilo de vida, ou seja, um hábito das pessoas, conforme segue:

Clube de Horta Orgânica – promove atividades como o plantio de hortas, a criação de receitas para desenvolver uma “vida de dieta alimentar sem a carne, de baixa emissão de carbono”.

Clube de Bicicleta – realiza atividades como passeios e corridas ciclísticas, que desenvolvem um “modo de vida com economia de recursos naturais, de baixa emissão de carbono”.

Clube de Artesanato – realiza atividades manuais, utilizando a criatividade, “que enfatizam e expressam a natureza, com baixa emissão de carbono”.

Os Clubes são uma forma de auxiliar a mudar determinados hábitos que estão prejudicando o ser humano e o planeta Terra, utilizando o corpo corretamente, de forma descontraída e prazerosa. São práticas muito alegres e, também, trazem uma profunda consciência de unidade com a natureza. Essas atividades já estão sendo desenvolvidas na Sede Central e nas regionais da SEICHO-NO-IE DO BRASIL. Você também pode participar. É só se inscrever no site e no Facebook. A inscrição é realizada em duas etapas, veja o passo a passo:

1ª Você pode se inscrever pelo site http://sni.org.br/clubes-sni.asp

2ª Solicite a participação no grupo do Facebook do clube escolhido (www.facebook.com/pg/snibrasil/groups).

Além disso, procure uma Regional ou Núcleo da Seicho-No-Ie mais próximo de sua casa e venha conhecer de perto as atividades. Você será muito bem-vindo(a). Mudar de hábitos se torna mais fácil quando se tem o auxílio um do outro num ambiente de alegria e harmonia. E isso você encontrará em nossas atividades.

Muito obrigado.

 

[i] Disponível em <https://www.tecmundo.com.br/internet/126654-4-bilhoes-pessoas-usam-internet-no-mundo.htm>, Acesso em: 27 mar. 2019

[ii] Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/busca.html?searchword=acesso%20a%20internet&searchphrase=all>, Acesso em: 27 mar. 2019.

[iii] Disponível em: <https://www.isaps.org/wp-content/uploads/2018/11/2017-Global-Survey-Press-Release-br.pdf, Acesso em: 23 abr. 2019.

 

Fonte: REVISTA MUNDO IDEAL – Nº 304 – ED. NOVEMBRO/2019

Seção “Papo Jovem”